O dia em que o Dínamo sangrou

A fase não é boa, disso todo mundo já sabia. Mas nem o mais pessimista dos torcedores auri-negros poderia esperar tamanha série de desventuras. A primeira já era anunciada. A direção não conseguiu contatar repetáculo, que estava relacionado para o jogo. Circula nos corredores do estádio histerético que antes mesmo do final da partida desta noite o contrato do ex-craque já havia sido rescindido.

Daí veio a partida, que começou com um atraso de no mínimo dez minutos. Parte do time adversário não chegou no horário, mas dentre os presentes estava o ex-jogador do Dínamo Luiz Minibis. Logo o restante da delegação chegou, trazendo Oderich e Cruzeirense. A partida, enfim, teve seu início. Do lado auri-negro Cica, Bin, Elano, Game Over e All-star. Não haviam peças de reposição, teria que ser na raça. A partida começou com um total domínio do time donobolense. O Dínamo não encontrava o adversário em quadra. A marcação era falha, principalmente por causa da excelente participação de Minibis como goleiro linha. O ataque era inexistente, sendo as melhores chances de gol provenientes de chutes do meio da rua. Os Donos da Bola eram mais rápidos, mais precisos, mais eficientes. Do lado auri-negro não havia qualidade, só luta, coragem, garra de um time que já foi tantas vezes vencedor. Não foi o suficiente, e os guerreiros histeréticos sucumbiram aos poucos. Após 3/4 de partida o placar chegou a estar 8x1 em favor do co-irmão. Era clara a expressão de decepção em cada um dos jogadores, mas também era clara a enorme vontade de reagir, de revidar com força as ofensas adversárias, nem que para isso fosse necessário sangrar. E foi o que aconteceu. Cica foi para linha, deixando que Bin assumisse como guarda-metas. O time melhorou de produção, ganhou velocidade e ficou muito mais combativo. Os gols começaram a aparecer, um a um como uma saraivada de flechas sobre as muralhas inimigas. Nesse momento um lance improvável aconteceu. Em meio a área adversária Cica foi atingido por um fortíssimo golpe. Elano desferiu um chute poderoso e a bola, esta garota inconseqüente e incontrolável, atingiu em cheio a face do viking histerético. Cica sangrou. Em meio ao rosto desfigurado chamava a atenção o sangue em seu olho. Não o que jorrava ininterruptamente de seu supercílio esfacelado, mas sim o que indicava que ele continuaria batalhando até que a última gota escorresse.

O jogo continuou, e com ele a franca recuperação do glorioso Dínamo Histerese. A estas alturas não havia mais energia, somente determinação. Bruno já não tinha mais tornozelo. O seu fora obliterado pelas novas chuteiras. Bin parecia um estátua no gol, totalmente extenuado. Artur e Juliano pareciam querer ocupar o mesmo lado da quadra, impedindo que as jogadas se desenvolvessem . Ainda sim a esquadra foi capaz de marcar 6 vezes antes do apagar da luzes. Infelizmente não foi o suficiente para superar os 10 tentos sofridos. Um desfecho amargo para uma partida dramática, onde mais uma vez houve garra, mas faltou inspiração.

A noite findou-se no histórico Hospital de Pronto Socorro de Porto Alegre. Cica foi levado as pressas em uma ambulância gentilmente disponibilizada pelo Complexo Esportivo da PUC, após receber os primeiros socorros. É importante salientar aqui que o jogador foi muitíssimo bem atendido pela médica da PUC, que foi extremamente atenciosa.

Quatro pontos foram suficientes para estancar o sangramento, mas a ferida deixada por mais esta derrota demorará a cicatrizar. O futuro próximo é negro para o Dínamo, que não poderá contar com Elano por pelo menos duas semanas. Cica será reavaliado antes do próximo compromisso, mas a tendência é de que também desfalque o time.

A fase não é boa, e parece longe do fim.